sábado, 3 de abril de 2021

Shu-Ha-Ri no Agile

 

Shu-Ha-Ri é uma filosofia japonesa aplicada em artes marciais, ela engloba o processo de aprendizagem e maestria de uma ou mais técnicas, obedecendo esta ordem: Shu:  obedecer/proteger; Ha: romper/modificar; Ri: separar/superar. Você pode estar se perguntando, o que isso tem haver com agilidade, onde isso é aplicado? Calma, pequeno gafanhoto, vamos definir as três ordens para entender e relacioná-las com a agilidade.

Shu – Seguindo as regras

Em qualquer arte marcial um iniciante precisa entender e praticar as regras passadas pelo mestre, para que possa iniciar seu domínio. É fundamental  praticar sozinho, em conjunto, com o mestre, várias vezes para que os movimentos sejam absorvidos e passem a ser mais naturais. 

Na agilidade, durante o processo de adoção de uma metodologia ágil, como por exemplo o SCRUM, é necessário primeiramente a disseminação das regras, dos papéis, das cerimônias para que todos envolvidos a cada nova sessão se sintam mais confiantes para praticar, gerando assim uma maior aderência.

Ha – Quebrando as regras

Neste ponto um aluno, já acumulou bastante experiência, realiza os movimentos com um excelente domínio, a figura do mestre acaba não sendo tão necessária, e o aluno ainda pode arriscar alguns lances diferentes, realizando movimentos suavemente diferentes, que podem aperfeiçoar sua luta.

Na agilidade, quando um time já executa uma metodologia ágil, o time começa a desenvolver uma maturidade suficiente para se permitir a “quebrar algumas regras”, um exemplo, pular uma Daily porque todos os assuntos estão em andamento e nada de novo está no radar e o assunto foi tratado via e-mail. Ou seja, não existe perda de performance e nada foi prejudicado, por conta da experiência do time é possível flexibilizar algumas regras.

Ri – Extrapolando as regras 

Em RI, o aluno já não precisa racionalizar os movimentos na hora de praticar a arte marcial, todos os movimentos estão nativamente em seu ser, neste ponto onde é possível começar a incorporar novos movimentos de outra arte marcial, ou ainda efetuar a adaptação de movimentos para gerar um novo. É basicamente quando o aluno se torna mestre de si mesmo.

Na agilidade, é onde um time consegue adaptar a metodologia ágil para aumentar a performance, desde a simples remoção de algo que não esteja agregando, ou ainda implementar uma ferramenta proveniente de uma outra metodologia. Ainda no exemplo da Daily, digamos que a equipe decida eliminar as reuniões diárias e substituí-las por um quadro atualizado em tempo real e com indicações de impedimentos. Basicamente cada time já contém experiência suficiente para efetuar adaptações com o foco de aumentar a performance. No conceito Ágil toda equipe deve chegar neste ponto em algum momento.

O próprio Manifesto Ágil (aqui) se define com uma metodologia que se adapta às diferentes realidades e é totalmente flexível para que possa derivar novas formas de trabalho que agregam valor para todos. Aplicando as ordens do Shu-Ha-Ri, poderemos avaliar o estágio da maturidade da agilidade dentro da empresa, para auxiliar as equipes a se tornarem mestre de si mesmo.


Marcelo Goberto de Azevedo 

Arquiteto na GFT Brasil

//marcelogoberto.com.br