terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

ESG nos Códigos Fontes



O termo ESG está cada dia mais se tornando comum dentro das organizações. O termo ESG (do inglês “Environmental, Social and Governance”), que em tradução livre ficaria, sustentabilidade, responsabilidade social e organizacional. Em suma, a união desses três pilares do ESG trata de habilitar uma estrutura estratégica na organização com o propósito de mitigar os riscos de enfrentar problemas judiciais, trabalhistas e de sofrer ações devido aos impactos negativos causados ao meio ambiente.

Em 2015, a ONU estabeleceu 17 metas globais, conhecidas como ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Essas diretrizes estimulam e apoiam ações em áreas essenciais para a sociedade, convocando todos para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

A tecnologia pode desempenhar um papel escalável na construção e execução das ODS, principalmente no foco da ODS 13 – Combate às Alterações Climáticas, no estudo “sobre o uso global de eletricidade da tecnologia de comunicação: tendências para 2030”, o autor Elder Tomas concluí que “A análise mostra, o uso da eletricidade, para o pior cenário, que a TC poderia usar até 51% da eletricidade global em 2030”. Em 2020, esse percentual de consumo energético já alcançou 10%. Esse cenário de crescimento acelerado tem correlação com a transformação digital das organizações, adoção de inovações, como IOT e IA, além da utilização em larga escala da nuvem que possuem gigantesco data center para garantir a redundância e resiliência dos serviços.

Com o intuito de jogar uma luz sobre a necessidade de promover a sustentabilidade no desenvolvimento de software, as aplicações das organizações são baseadas em código fontes que foram escritos para gerar funcionalidades de negócios que deverão ser utilizados pelos usuários, com isso uma simples linha de código escrita equivocadamente por um desenvolvedor, poderá aumentar o consumo de energia no servidor e por resultado seu dimensionamento, esteja o mesmo na nuvem ou localmente.

Um exemplo clássico desse problema, é o simples armazenamento de logs de desenvolvimento em uma aplicação que está em produção, caso o programador habilite erroneamente essa coleta, estará criando alguns problemas: primeiramente, a geração de dados desnecessários e por consequência seu armazenamento, que diretamente envolve custos e geração de energia para sua manutenção, mesmo considerando no caso da nuvem, a utilização de camada de armazenamento que podem reduzir drasticamente os custos e o consumo de energia.

Outro exemplo, é a habilitação de sincronicidade nas comunicações, esse método obriga os envolvidos estarem disponíveis em tempo real para tratar das transações e principalmente das exceções, gerando alta disponibilidade dos recursos, o que acarretará maior consumo de energia, mesmo em estado de inatividade temporária. No caso de métodos assíncronos, as comunicações acontecem somente no ato da ativação, evitando troca de mensagens ininterruptas, reduzindo drasticamente o trânsito de dados, sobretudo quando não são necessários em tempo real. O método assíncrono consegue atender 95% das funcionalidades dos sistemas atuais com eficiência, porém hoje 95% das funcionalidades ainda são síncronas, desnecessariamente.

Existem outros exemplos e cenários onde é possível aumentar a eficácia dos códigos fontes gerando assim uma eficiência energética, que podemos entender como sustentabilidade. Importante não salientarmos que também gerar eficiência financeira, pois no final, códigos fontes eficazes oferecem um melhor retorno do investimento na utilização dos recursos de infraestrutura para sua execução.

Sua empresa pode começar a implementar as práticas de ESG associadas aos ODS com foco em tecnologia. Lembre-se, de quanto a tecnologia irá representar do consumo energético no futuro, podemos começar agora mesmo a mudar essa curva de crescimento de consumo, entregando melhores aplicações que contemplem a sustentabilidade no seu desenvolvimento.

Marcelo Goberto de Azevedo 

Líder em Transformação Digital

//marcelogoberto.com.br